sábado, janeiro 27, 2007

Economia em Uma Lição

Ao se estudar Economia, é preciso ter em mente os efeitos que uma determinada ação terá sobre um grupo específico e sobre todos os outros grupos que possam ser afetados a longo prazo. Esta é a lição de ouro que extraí do livro de Henry Hazlitt, Economics in One Lesson. E meu exemplo preferido é quando o Governo aumenta o salário mínimo.

Souza tem uma pequena empresa, com 10 empregados ganhando salário mínimo, operando 10 máquinas.
Souza gasta R$ 3.500 com salários e outros R$ 1.500 com gastos de operação fixos (água, luz, telefone, manutenção, limpeza, segurança) e matéria-prima, atingindo o custo total de R$ 5.000.
A fábrica de Souza produz 1000 peças acabadas por mês. Vendendo cada peça por R$ 8,50, ele consegue um faturamento de R$ 8.500.

Ou seja, Souza, o empresário capitalista ganancioso, tira um lucro de R$ 3.500 todo mês, às custas do suor de seus empregados! São 10 vezes o salário de cada um deles!! Não é um absurdo? O Governo também acha e, sensibilizado, aumenta o valor do salário mínimo de R$ 350 para R$ 400, uns 14% a mais.

Agora, o custo total de operação da empresa de Souza é de R$ 5.500. O lucro dele vai cair em R$ 500, não é? Errado. Porque até agora não computamos os impostos. A carga tributária no Brasil não é de quase 40%? Façamos de conta que um terço, 33% do faturamento vão parar na mão do Governo. Antes, dos R$ 3.500 que Souza faturava, ele ficava com R$ 2.333. Agora ele fatura R$ 3.000 e fica só com R$ 2.000.

E agora, Souza? Vai continuar a ser empresário, se preocupar com impostos, empregados, fornecedores, clientes insatisfeitos, fiscalização e roubos, por meros dois mil? Se a situação já não estava tão boa antes, agora ele pergunta se não deveria prestar um concurso público e deixar essa vida cheia de preocupações. Podem ter certeza que muitos Souzas por aí fizeram essa escolha.

Mas o "nosso" Souza continuará a ser empresário. Suas duas alternativas: 1 - repassar parcial ou totalmente o aumento para o produto e rezar para não perder clientes; 2 - encarar a redução no lucro e não repassar nada para o produto final;

Saída 1: repassar o aumento parcial ou totalmente.
Antes, com o preço da peça a R$ 8,50, Souza faturava R$ 8.500. Depois do aumento do salário, ele decide repassar só 10%, por temer que a concorrência cobre menos do que ele. A peça seria vendida por R$ 9,35. Seu faturamento será de R$ 9.350? Depende.

E se somente 900 pessoas aceitarem pagar o novo preço? Ele irá faturar menos do que antes!! Duas coisas podem acontecer:
Cenário A - se ele voltar ao preço antigo, sofrerá as conseqüências da Saída 2.
Cenário B - se persistir no aumento, poderá perder mais clientes e até fechar as portas. Nessa última hipótese, os próprios trabalhadores que o Governo tentou proteger com o aumento serão prejudicados!
Se ele conseguir vender todas as 1000 peças pelo novo preço, ele ficará bem e poderá expandir sua empresa. Mas... e os consumidores? Todos eles estarão pagando mais pelo mesmo produto.

E se vários Souzas aumentarem seus preços sem perder clientes? Acontecerá o que chamamos de inflação. Ou seja, pela Saída 1, na melhor das hipóteses, o Governo acaba induzindo inflação. E na pior, ele induz inflação E desemprego!!

Saída 2: não repassar e aguentar a redução no lucro.
Os empregados do Souza tiveram aumento de 14%. Mas o Souza, quando tirava líquido R$ 2.333, tinha planos de acumular R$ 333 durante dois anos e trocar quatro das suas máquinas por outras 50% mais produtivas. Sua produção total pularia de 1000 para 1200 peças e seu lucro líquido, descontados os impostos, subiria de R$ 2.333 para R$ 3.467.

Após isso, em menos de um ano ele poderia trocar as outras seis máquinas e seu faturamento seria 50% maior que o inicial. Com máquinas modernas, o próximo passo para aumentar ainda mais a produção seria comprar outras e contratar mais funcionários.

Mas nada disso acontecerá, porque o lucro do Souza diminuiu. Se ele puder e quiser acumular dinheiro pra trocar as máquinas, terá de tirá-los do seu sustento, reduzir o seu padrão de vida por muito mais que dois anos. Os funcionários de Souza ficaram bem; mas os que estão desempregados, justamente os mais necessitados, não poderão ser contratados pelo Souza porque sua empresa não cresceu.

Quantas outras empresas como a do Souza não vão poder contratar no futuro, porque seus custos aumentaram? O Governo criou desemprego futuro, por impedir que as empresas crescessem e contratassem mais funcionários.

Resumo da ópera: é muito, muito fácil olhar apenas quem será diretamente beneficiado com uma medida(no caso, os trabalhadores); mas ao prestarmos atenção nos outros grupos afetados no médio e longo prazos, podemos perceber conseqüências simplesmente funestas para a maioria da sociedade, muitas vezes retornando e atingindo o próprio grupo que se tentava proteger.

sábado, janeiro 06, 2007

Os Eternos Culpados - parte 2


O crime de ser independente
Após o final da II Guerra Mundial, ficou evidente a necessidade da criação quase imediata de um Estado judeu. O Reino Unido também queria se retirar da administração da Palestina. As Nações Unidas, após muita discussão, criou a resolução 181 de 1947, dividindo a região em duas, uma árabe e outra judaica. O "plano de repartição", como ficou conhecido, foi muito criticado pelos dois lados mas acabou sendo aceito com reservas pelos judeus. Os árabes, porém, não aceitaram o plano. Por que eles não aceitaram? O que eles queriam que fosse feito em vez disso? Estudaremos os motivos mais abaixo.

A Guerra Árabe-Israelense de 1948
A partir de 1948, Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, não tendo aceito a criação de dois Estados, um para os Judeus e outro para os Palestinos, iniciaram uma guerra de cinco contra um (com pequenas ajudas da Arábia Saudita e do Yemen). Alguém já parou pra pensar que se esses países tivessem aceito o plano, talvez já existisse uma Palestina em paz, hoje?
Após muita luta, os israelenses conseguiram repelir os ataques e ainda conquistaram mais território; acabaram tomando 50% do espaço previsto pelas Nações Unidas para ser da Palestina e assinaram tratados de paz com cada país árabe em separado. O Egito e a Jordânia recém-formada tomaram o controle da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental do rio Jordão, territórios esses que também seriam da Palestina proposta pela ONU.

Os reais motivos da não criação da Palestina
Quando da rejeição ao plano de partição do território, os países árabes envolvidos disseram que não levava em conta a maioria palestina na região. O interessante é que o próprios palestinos não puderam se pronunciar. Síria, Jordânia, Líbano, Egito e Iraque simplesmente decidiram que era melhor não aceitar, pois inviabilizaria a criação de uma "Grande Palestina".
Não sei quanto a vocês, mas eu nunca vi um país entrar em guerra com outro só para ajudar um terceiro, sem ter nenhum interesse envolvido. Será que esses cinco países eram tão altruístas assim? E se o objetivo deles era dar aos palestinos o que eles queriam, por que é que Egito e Jordânia não cederam os territórios que conquistaram? Eram territórios que pelo plano da ONU já seriam dos palestinos, não é mesmo? Mas ambos mantiveram suas posses com mãos de ferro, até 1967, quando entraram em guerra novamente com Israel e perderam esses territórios que estão até hoje sob ocupação militar de Israel. Ainda assim, a Jordânia só desistiu de reclamar a Margem Ocidental em 1988 (!!).
Não é preciso pensar muito para perceber: os maiores interessados na NÃO criação da Palestina sempre foram os demais países árabes. Eles queriam simplesmente que a região fosse dividida entre eles, sem Israel, nem Palestina, deixando esses povos viverem como cidadãos de segunda classe dentro de seus territórios.
Parece uma teoria inacreditável? Bobagem? Pois é exatamente assim que os curdos "vivem" dentro do Irã, Iraque e Turquia até hoje. Sabia que os palestinos são aproximadamente 10 milhões e os curdos passam de 30 milhões? E continuam sendo alvo de perseguição dentro de vários países. Quem defende a criação da Palestina (como eu) é moralmente obrigado a reconhecer que a causa dos curdos é muito mais dramática. Saddam Hussein cansou de usá-los como alvos de armas químicas.

Quem realmente busca a paz?
Por serem da mesma etnia e religião, os demais países árabes manipulam o conflito Israel-Palestina, tentando tirar algum proveito. Ora manipulam as eleições palestinas para que grupos extremistas anti-Israel cheguem ao poder, ora permitem que milícias terroristas como o Hezbollah operem dentro de seu território sem nenhuma restrição. E quando Israel revida... todos gritam em uníssono "pobres palestinos oprimidos por Israel", "Israel quer destruir a todos nós, árabes".
É engraçado que esses países árabes não fizeram nenhum esforço para que surgisse um governo palestino legítimo. Pelo contrário, alguns deles promoveram certos "governos" que nada mais eram que fantoches. Mas Israel reconheceu a Organização para Libertação da Palestina (OLP) como sendo a única que representa os interesses palestinos e trabalha em conjunto com a Autoridade Palestina administrando os territórios em disputa, enquanto não há solução definitiva.
Esses mesmos países árabes tiveram territórios considerados palestinos em seu poder durante décadas e nenhum deles sequer cogitou cedê-los aos palestinos. Mas Israel fez isso. Demoliu casas e expulsou seu próprio povo de territórios ocupados para deixar sob controle da Autoridade Palestina.

Tenho perfeita noção que Israel já causou centenas de milhares de mortes de palestinos e árabes. Assim como estes também já explodiram incontáveis ônibus escolares, discotecas lotadas e lançaram sua cota de mísseis.
Oh, Palestina, abra os olhos! Que inimigo é esse que entrega territórios às custas do seu próprio povo? Que amigos são esses que só sabem aconselhar não descansar a mão do gatilho?