quarta-feira, agosto 30, 2006

As contradições do socialismo - parte 3

Era uma vez, um país que adotou um novo regime. Nele, o governo e o partido eram um só. Toda a produção foi planejada e conduzida pelo Estado para levar a nação à glória. A classe dos exploradores do povo foi toda extirpada. E o serviço secreto cuidaria do resto. Parece a Rússia pós-revolução comunista de 1917? Mas não é. É a Alemanha nazista.

Acredito que esta seja a mentira mais bem construída do século XX. Tão entranhada e disseminada que é quase um ato reflexo enunciá-la. Pense num regime de extrema-direita. Se você pensou nazismo, como 99% da população, sinto muito informá-lo: você está errado.

"Ora, mas é lógico que o nazismo é de extrema-direita! Quem é você para contradizer isso?" Sou alguém que pensava exatamente assim, até pouco tempo atrás. O nazismo é de direita por quê? Já se questionou sobre isso? Vou relacionar alguns fatos (coisas que esquerdistas odeiam) para colocar tudo em pratos limpos:

1 - O nome completo do partido nazista era partido nacional-socialista dos trabalhadores alemães. Nossos livros e professores de História não gostam de lembrar desse "detalhe".
2 - O nazismo tinha um bode expiatório. Todos os problemas do povo, a hiperinflação, o desemprego, a humilhação do tratado de Versalhes, a fome, a derrota na 1ª Guerra, todos os males possíveis foram creditados aos judeus. A diferença do nazismo pro comunismo é que estes trocam a palavra "judeus" por "burgueses".
3 - Chegando ao poder, os nazistas assassinaram todos os judeus. Chegando ao poder, os comunistas assassinaram todos os burgueses. Parecido, não é?
4 - Criaram uma ideologia mágica que, se fosse implementada à risca, faria o país retomar seu caminho rumo a grandeza, as pessoas perceberiam sua força interna e, unidas, construiriam uma nova sociedade. Estou falando da "supremacia ariana" de Hitler ou do Marxismo? Dos dois.
5 - O nazismo tinha seus campos de concentração. E o comunismo, tinha os "gulags", campos de trabalhos forçados.
6 - Não havia liberdade de expressão, nem de imprensa, nem de opinião no nazismo. E no comunismo, ainda não há.
7 - O único argumento que poderia ser levantado para dizer que o nazismo era de direita, é que os meios de produção não foram todos estatizados. Mas também não é verdade. Ludwig von Mises, brilhante economista austríaco que viveu na Europa nessa época, explicou em sua obra Omnipotent Government, que a economia nazista não tinha propriedade privada de fato, só de nome. O governo nazista passou a controlar, por meio de decretos, toda a produção. O quê era produzido, em que quantidade, qual era o preço de venda, quanto de juros os bancos cobravam, e qual o valor do salário. Os donos dos meios de produção não foram expropriados porque não foi preciso. Eles eram obrigados a executar ordens de produção vindas do governo. O nome dessa "política econômica" era Zwangswirtschaft, isto é, economia de coerção. Nem de longe parecido com o livre-mercado da "direita".
Para os que duvidam deste último ponto, além do livro acima, aluguem também o filme "A lista de Schindler" e prestem atenção em quem realmente mandava na fábrica de Oskar Schindler. E isso era a regra geral.

Já me deparei com alguns argumentos um pouco mais elaborados, tentando dizer que o nazismo era de direita pois ele era anticomunista. As provas seriam o incêndio do parlamento alemão, no qual os nazistas culparam os comunistas, e o próprio ataque à URSS durante a 2ª Guerra.

A esses dois fatos, dou a explicação Highlander: "Só pode haver um". Heloísa Helena e Lula não são de esquerda? Então por quê os dois estão disputando a presidência? Porque só pode haver uma pessoa no poder. Eles não estão se importando se suas ideologias são semelhantes. Eles querem o poder, mesmo que tenham de atacar um possível aliado. Hitler fez o mesmo.

A ideologia é muito próxima; os métodos de liquidar a oposição são quase idênticos; as economias seguiam o mesmo princípio, as liberdades são esmagadas nos dois regimes, ambos eram totalitários... por que diabos o nazismo seria de extrema-direita, se ele é tão, tão semelhante ao comunismo?

Na parte 4(!) deste artigo: o que aconteceu com o Vietnã depois que os EUA desistiram da guerra? E o que aconteceu no país vizinho, o Camboja? E Cuba, a ilha-presídio do Caribe?

terça-feira, agosto 22, 2006

As contradições do socialismo - parte 2

Promete a verdadeira democracia, mas se instala por meio de uma ditadura. Visa proporcionar liberdade máxima às pessoas, mas primeiro controla o que você faz, o que pensa e para onde vai. Promete a fartura, mas causou milhões de mortes por fome. Seus aplicadores mais ferrenhos estão no topo da lista dos maiores tiranos do último século. Ironicamente, seus maiores progressos se deram por competir com outro sistema de produção. Esse é o socialismo.

Apesar de se apresentar como científico, o socialismo na verdade é camaleônico. Ele é um sistema de governo? Ele é um sistema de produção? É uma ideologia? É uma moda? Até uma razão de viver para alguns? A resposta é sim para todas as perguntas.
Por isso os esquerdistas têm tanta facilidade em se desviar das críticas que fazemos ao socialismo.
Quando você demonstra com argumentos econômicos que a produção socialista é inerentemente pior que a capitalista, os esquerdistas se defendem com argumentos geopolíticos do tipo "é o embargo americano que faz o povo de Cuba ser pobre".
Se você aceitar o jogo e falar sobre o desrespeito gritante aos direitos humanos nos países socialistas, eles novamente mudarão de assunto, falarão das desigualdades do capitalismo, que no socialismo todos são iguais, existe mais solidariedade e outros "argumentos" inquantificáveis.
Se você mais uma vez engolir o joguinho dele e apontar que o socialismo é injusto pois quem se esforça muito e quem se esforça pouco são premiados igualmente, o nosso esquerdinha vai dizer que pertence a uma "outra vertente" socialista, dizer que você não sabe o que é o socialismo real e não passa de um egoísta que não se importa com o sofrimento dos outros. E aí você perdeu a discussão, meu caro. Porque permitiu que seu interlocutor "mudasse de pele" quantas vezes quisesse.

O socialismo promete a fartura, pois todas as pessoas estarão produzindo, sabendo que é para o bem de todos. Mas... lá vem os fatos, esses impertinentes. Sabe o que é Holodomor? É o nome do holocausto da fome que aconteceu na Ucrânia sovietizada, nos idos de 1932-33. Sigam o link em inglês, meus caros. Dispensa mais palavras.
Ainda com a barriga cheia de socialismo? Que tal o Grande Salto Adiante, política do regime da China comunista que causou entre 20 e 30 milhões de mortes?

Por que você nunca ouviu falar da fome na Ucrânia e nas dezenas de milhões de mortos na China?
Porque seu livro de História esquerdista se preocupa em mostrar, nos anos 30, como Getúlio lidou com a Revolução de 32 e a ascensão dos regimes totalitários na Europa. Em 1958-62, seu livro de História "imparcial" prefere mostrar como os Estados Unidos entraram na Guerra do Vietnã, a crise dos mísseis em Cuba e a Guerra Fria em geral.

Esses assuntos também eram importantes. Mas não dar nem uma palavra sobre os milhões de mortos, é cuspir em seus túmulos. Nunca mais olhei para um livro de História sem pensar:
"Quais verdades será que esse autor está me escondendo?"

Pensei que daria pra fazer em duas partes mas não. A parte 3 será a mais polêmica. Até lá.

quinta-feira, agosto 17, 2006

As contradições do socialismo - parte 1

Demonstre como a prática socialista é odiosa e distante da teoria; conteste o lado humano, enfatizando a falta de liberdade de expressão, política e artística; mergulhe no mecanismo da ideologia e aponte que ninguém sabe como chegar na "fase final" do socialismo. Mas para o socialista de verdade, fatos não importam.

Em primeiro lugar, adoto a definição clássico-marxista de socialismo. Isto é, o regime onde todos os meios de produção pertencem ao Governo, sejam fazendas, fábricas, minas, jornais, hospitais ou escolas. E o comunismo sendo a fase final do socialismo, quando então a sociedade vai gradativamente desmontando o próprio Estado até a supressão total deste (comunismo puro).

Já de início quero desarmar os espertalhões que irão dizer "isso que você está combatendo não é o socialismo", ou "não é o socialismo real". Já cruzaram com um tipo assim? Aquele que pretende saber mais do que o próprio Marx o que seria o socialismo. Eles não percebem que se comportam como o sujeito que escuta "amai a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo" e te diz que "isso não é o cristianismo real".

As contradições do socialismo começam... pelas origens. Foi o próprio Marx que disse: toda ideologia que sai da cabeça do burguês está contaminada pelo "pensamento de classe". Mas ninguém levanta a questão de que Marx também foi um burguês. Nasceu numa família que pôde pagar seus estudos até a faculdade. Trabalhava como jornalista e escritor, ao mesmo tempo que recebia mesada de Engels. Por que somente o iluminado Marx estaria livre do pensamento de classe que ele mesmo criou?

Pelos seus manifestos, o socialismo diz que os trabalhadores, em revolução, tomarão os bens e meios de produção em nomes de todos e implantarão a "ditadura do proletariado". Bem, o problema já começou cedo. Não existe no mundo regime socialista que foi implantado sem muito, muito sangue. Só isso já deveria fazer os nossos esquerdistas pensarem bem se esse sistema de governo vale a pena. Isso se eles forem tão preocupados com a exploração do ser humano quanto dizem. Ou eles acham que só os "malvados burgueses" vão morrer numa revolução?

Um slogan gravíssimo do socialismo é "tomar os bens e meios de produção e distribuir aos trabalhadores". As justificativas dos esquerdistas são: 1. Isso é preciso para implantar um regime bom pra todos. 2. Na verdade estamos fazendo justiça, pois os burgueses ficaram ricos explorando os pobres.
Na 1ª hipótese, eles estão implicitamente dizendo que os fins justificam os meios. Posso cometer uma injustiça para resolver outra.
Eles fazem de conta que não existem burgueses que ficaram ricos sem explorar ninguém. Vão tomar os bens assim mesmo. Que imoral, hein?
Na 2ª hipótese, fica provado o quanto eles desconhecem Economia, se pensam que riqueza é algo estático, que o indivíduo A só pode ser rico se tirar um pouco dos indivíduos B, C e D.
Riqueza pode ser criada. E não só pode, como é a regra geral no capitalismo. Pelo simples motivo de que gerar riqueza é mais eficiente do que tirar de um para dar pro outro.

Quem leu os livros e manifestos de Marx, devia saber que para ele o socialismo era inevitável. Sua teoria da mais-valia e dos lucros decrescentes "demonstrava" que o capitalismo estava fadado ao colapso, pois com a expansão das indústrias em cada campo, os lucros cairiam sempre, causando mais exploração do trabalhador para compensar a queda dos lucros. Quando a situação chegasse no ponto insuportável, estouraria a revolução socialista. Tudo conforme previsto pelo materialismo histórico. Para Marx, quanto mais o capitalismo se desenvolvesse, mais próximo estaria do colapso e mais próximos da revolução socialista estaríamos.

Mas, fazendo desagravo ao Cazuza pelo meu outro post: essas idéias não correspondem aos fatos. Já temos uns 250 anos de capitalismo moderno? O capitalismo está imensamente desenvolvido, tomando contornos que nem imaginávamos. Os lucros dos capitalistas estão todos em queda? Não parece. E onde foi que estouraram as revoluções socialistas? Exatamente nos países onde o capitalismo não se instalou direito ou nos países mais autoritários, ou nos dois. A antiga URSS, China, Coréia do Norte, Cuba, Camboja, Vietnã, Líbia... Diga-me com quem andas e te direi quem és! Porque nossos compatriotas esquerdistas insistem em querer ficar na companhia desses países?

Os argumentos mais "modernos" do socialismo serão analisados no próximo post.

quarta-feira, agosto 16, 2006

A Pilantrocracia e as Estradas


No post anterior, expus alguns exemplos de como os impostos do Governo - sempre criados para o bem de todos - acabam sendo completamente desvirtuados. O dinheiro da CPMF que deveria ter ido para a saúde não foi, ou foi em parte e agora ele é usado até para pagar juros da dívida interna. A CIDE que deveria ser aplicada na infra-estrutura de transportes também está sendo desviada.
Imaginem quantos outros impostos "pró-educação"ou "pró-saúde" nós pagamos, mas que estão custeando propaganda do governo, benefícios do funcionalismo, ou para criar mais uma secretaria de inclusão da minoria X!! Se bem que, levando em conta os mensalões da vida, sanguessugas e dólares na cueca que temos visto, até que não ficaria tão chateado de ver meu imposto do combustível pagando papel sufite de repartição...

Vamos ver agora um exemplo de menos Governo, mais iniciativa privada. O governo de SP resolveu fazer contratos de concessão (diferente de privatização!) com empresas, para administrar as estradas. O governo do Estado exige das concessionárias a duplicação das rodovias, telefone a cada 2 km, câmeras de segurança, ambulâncias de prontidão, postos médicos e, em troca, as concessionárias recebem o pedágio. Hoje, 15 estradas de São Paulo estão entre as 20 melhores do país.
"Ohh, mas aposto que cobram um pedágio abusivo! Estão explorando os cidadãos que usam as estradas!", é o que alguns irão dizer. Pois bem:
- Quando o governo administrava, todos pagavam os impostos, mas nem todos usavam as estradas.
- Quando o governo administrava, não havia os pedágios mas as estradas eram "aquela coisa"; hoje são as melhores do país. Quando vou de São Paulo a Brasília (1000 km) sei exatamente quando saímos do estado de SP e entramos em MG. Começa a tremer tudo no ônibus e eu acordo!
- Se eu for de carro, pagarei aproximadamente R$ 160 (ida e volta), de pedágio em SP. Achou caro? E quanto você pagaria por uma roda amassada em um buraco? Quanto você pagaria por um acidente, assumindo que ninguém saia ferido? Sabia que você pode cobrar da concessionária os custos de um acidente causado por má conservação da estrada?
- E por último, se você viu meu post sobre o preço da gasolina Petrobrás na Argentina, chegará à conclusão que os pedágios não são tão caros. É o combustível no Brasil que é caro.

Mas... nem tudo são flores. Os governos de diversos estados agora estão exigindo que as concessionárias cuidem de outros trechos não previstos no contrato, aumentando os impostos que as mesmas pagam, ameaçando congelar os pedágios como plataforma eleitoral...
"Ah, mas as concessionárias ganham rios de dinheiro", posso imaginar alguns dizendo. Ah, é? Imagine uma empresa que tem que pagar salários não congelados, impostos não congelados, combustível e vários outros materiais não congelados, ter a sua única fonte de renda congelada por 4 anos (ou mais!) por causa de populismo!

Concessões e privatizações feitas desse jeito, não dão certo mesmo!! O Estado brasileiro é um dos poucos que consegue atrapalhar até na hora de se retirar de um setor.

segunda-feira, agosto 14, 2006

A Pilantrocracia e os Impostos


Em um jornal "gratuito" (veja porque nada é de graça), distribuído no metrô de São Paulo, vi um artigo mostrando como o Governo é mestre em fazer tudo com o nosso dinheiro, menos o que deveria. Algo para se pensar toda vez que você encher o tanque.

Em 2001 foi criada uma "contribuição" federal chamada CIDE, que atinge todos os derivados de petróleo, de gás natural e o álcool combustível. O dinheiro dela deveria ser usado para ampliar e reformar nossa infra-estrutura de transportes. É interessante ressaltar que toda vez que você enche o tanque de seu carro, você paga esse imposto. Se você anda somente de ônibus, também paga o imposto pelo aumento no preço da passagem.

De 2002 até hoje, foram arrecadados 30,8 bilhões com a CIDE, mas 14,8 bilhões não voltaram para nossas estradas e ferrovias (dados do Contas Abertas). Para onde foram?

Os governos FHC e Lula usaram o dinheiro da CIDE para pagar assistência médica e escolar de servidores e seus dependentes, fazer publicidade e algumas vezes para completar o superávit primário (aquele que você vê eles comemorando na TV).

Que mimoso! Mais um imposto tirando o meu, o seu, o nosso dinheiro, para pagar escola, médico, dentista pros funcionários públicos e seus filhos... isso quando o Governo não gastou com propaganda!! E as estradas que se lasquem!!

Lembram-se da CPMF, como surgiu?

A CPMF (contribuição provisória sobre movimentação financeira) surgiu como um esforço para melhorar a situação da Saúde no país, lembram? A totalidade das verbas iria para o Fundo Nacional de Saúde e a cobrança tinha prazo determinado para acabar.

Já parou pra pensar que a CPMF nada mais é do que o Governo te cobrando pelo direito de usar o seu próprio dinheiro?
E hoje é notório que a contribuição Provisória virou Permanente! Dinheiro pra Saúde? Imagine! O governo precisa agora da CPMF pra fechar até as contas do orçamento da União!

É sempre assim que começa. Uma nobre intenção de melhorar as coisas e na prática tudo fica pior do que antes! Hum... nobre na teoria e horrível na prática... me lembra um certo sistema de governo. Mais sobre isso no próximo post.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Anticapitalismo na Música


Entrei num daqueles micro-ônibus, aqui em São Paulo chamados de "lotações". Eis que minutos após eu me sentar, tinha um rádio ligado, e tocava uma música antiga do Cazuza, "A burguesia fede".
Há quantos anos eu não ouvia isso! Sempre cantei essa música com aquela convicção de que estava proclamando verdades que a sociedade não queria ouvir, me sentia "o" revolucionário, "o" culto, cantando uma mensagem de liberdade, denúncia do egoísmo e solidariedade aos necessitados...

Como era mesmo o ditado? "Se você não é socialista quando jovem, é porque não tem coração. Se continua a ser socialista quando adulto, é porque não tem cérebro". Frase ácida, mas hoje eu concordo.

Continuando, comecei a prestar atenção na letra da música: "A burguesia fede, a burguesia quer ficar rica; enquanto houver burguesia não vai haver poesia".
Humm... me veio à cabeça a imagem do mecenas no início do Renascimento. O que era um mecenas senão um burguês? E não eram justamente eles que patrocinavam os pintores, escultores e poetas? Todos esses artistas morreriam de fome se não fossem por seus mecenas, seus patrocinadores burgueses, pois somente de 1900 pra cá que existe um "mercado da arte", capaz de prover sustento aos artistas que não tem outra ocupação. Quantos Van Goghs não morreram na miséria?
Opa!! Perceberam na oração acima? Hahahaha... nem eu percebi no primeiro momento. Justamente o demônio-mercado é que permite que os artistas vivam da sua arte, sendo que antes quem os patrocinava eram os... burgueses!! Oh Ironia, de olhar oblíquo qual uma Capitu...

"Pobre de mim que vim do seio da burguesia, sou rico mas não sou mesquinho".
Uau! Cazuza está dizendo que apesar de ser rico, ele, em específico, não é mesquinho. Qual é o pensamento implícito nessa afirmação? Que os ricos são todos maus e os pobres são todos bonzinhos. Para Cazuza não existe essa história de educação, moral e livre-arbítrio. Se o sujeito é rico ele é "do mal" e pronto! É claro que ele não disse isso textualmente, mas é a única coisa que dá pra concluir de uma frase lastimando o fato de ter nascido filho de burgueses!

"A burguesia não repara na dor da vendedora de chicletes"
Quero te perguntar uma coisa, leitor: você repara na dor dela? Seus amigos reparam? E no mendigo, no morador de rua, você repara? Seus pais, professores, colegas de trabalho reparam?
Por que raios é só a burguesia que tem de reparar no sofrimento dos outros, mesmo que não tenha sido causado por ela?
Sabe qual é o pensamento implícito? Eles têm de se importar porque são ricos. O pensamento mais nefasto, mais anticapitalista e intelectualmente desonesto é que os ricos causam a pobreza dos outros apenas por serem ricos. Enquanto essa idéia for propagada nas escolas, revistas e vomitada pelos nossos "intelectuais", o Brasil não corre o menor risco de dar certo.

Não se trata de deixar as pessoas sofrerem, de não ajudar quem precisa. Quem puder ajudar, que ajude sim. O problema é jogar a responsabilidade só nas costas da "burguesia". Não são todos iguais perante a lei?

"Vamos pôr a burguesia na cadeia; Numa fazenda de trabalhos forçados; Eu sou burguês, mas eu sou artista; Estou do lado do povo, do povo".
Vamos pôr o burguês na cadeia... apenas porque ele é burguês? Isso é que é um defensor da liberdade! E em seguida... fazenda de trabalhos forçados!!! Calma, Cazuza. Hitler e Stálin já fizeram isso antes de você.
E o corolário é que ele está do lado do povo porque é artista!! Posso me eximir de comentar essa?

"Porcos num chiqueiro; São mais dignos que um burguês; Mas também existe o bom burguês
Que vive do seu trabalho honestamente"

Ahh... agora está tudo bem!! Xinga a burguesia de tudo quanto é nome na música inteira, no refrão, e depois em quatro versos quer se justificar? Pena que ninguém disse ao Cazuza que o burguês que vive do seu trabalho honestamente é justamente a maioria.

E maioria dos "burgueses" é honesta, pelo mesmo motivo que a maioria dos pobres também é honesta! Pensem nisso, e pensem no motivo.

O petróleo não é nosso, é do Governo!


Quero colocar um comentário que está no blog do Rodrigo Constantino, a respeito da Petróbras, comentário feito por Maurício:

"Não precisa ir muito longe. Estive em Buenos Aires durante o carnaval. Saindo do aeroporto internacional dei de cara com um posto Petrobrás. A gasolina Pódium custava 2,20 pesos ou, se preferir, 1,65 reais. Que tal? Los hermanos pagam a metade.

Os argentinos deveriam esbravejar contra o capitalismo selvagem e imperialista da Petrobrás que está lá explorando o pueblo. E somos auto suficientes (haha).

Quer detalhes dos custos?

Vamos lá:
1/ Gasolina "A" 800ml (pura, vendida pela Petrobras)= 0,80
2/ Alcool anidro 200 ml (20% misturado à gasolina)= 0,24
3/ TOTAL = 1,04
4/ CIDE - PIS/COFINS (IMPOSTOS FEDERAIS)= 0,44
5/ ICMS (IMPOSTO ESTADUAL)= 0,64
6/ TOTAL DE IMPOSTOS (104% DO PREÇO BRUTO!)= 1,08
7/ TOTAL (CUSTO + IMPOSTOS)= 2,12
8/ LUCRO DA DISTRIBUIDORA (EM MÉDIA POR LITRO)= 0,08
9/ FRETE (EM MÉDIA POR LITRO)= 0,02
10/ LUCRO DO POSTO (EM MÉDIA POR LITRO)= 0,25
11/ VALOR NA BOMBA COM IMPOSTOS = 2,47
12/ VALOR NA BOMBA SEM IMPOSTOS = 1,39

Se você consome 200 litros de gasolina por mês (1 tanque por semana), o bolo fica assim dividido:

Dono do carro (você, otário #1): PAGA: 494,00
Dono do posto (empresário capitalista selvage, otário #2, explorador da mão de obra do frentista): GANHA 50,00
Dono do caminhão (ainda bem que tamparam os buracos, otário #3): Ganha 4,00
Petrobrás (Auto suficiente, eficiente e enxuta, só tem profissional de primeira): Ganha 16,00
Governo (no commets): Embolsa 216,00 sem fazer nada, literalmente falando.

Então vamos ao governo socialista distribuidor de renda. Eu não tenho os dados exatos aqui, se alguém tiver faça as contas. É sabido que o aumento dado na bomba foi menor que o aumento do preço do barril nos últimos 36 meses. Quem está subsidiando a diferença? O pobre coitado que não compra gasolina.

-Quem é esse?
--Ora, quem não tem carro.
-Como?
--Impostos.
--Mas pobre não paga.
-Então tá, ninguém repassa custos".

quinta-feira, agosto 10, 2006

Pobres não são criminosos em potencial!!


Pelo menos é bom ver que não estou tão alienado assim. Postei sobre o Gilberto Dimenstein outro dia, e eis que o Reinaldo Azevedo fala sobre o mesmo assunto, obviamente bem mais incisivo.

Mas retomo o tema: simplesmente existe o crime pela necessidade e o crime pela ambição. Dá pra perceber que o crime de um fulano que rouba pra comer está bem raro hoje em dia não é?

Tráfico de drogas, de armas, contrabando, lavagem de dinheiro, assassinato, e outros simplesmente não podem ser classificados como crimes por necessidade. São crimes pela ambição, pelo dinheiro, pelo status, por puro ódio, ciúme, crimes políticos (né, Celso?), entre tantos.

Como o investimento em educação vai coibir esses crimes que não tem a ver com oportunidade social?

E mesmo contra os crimes motivados por necessidade, nossos amigos campeões da igualdade social esquecem que temos outros fatores que pesam na cabeça de um indivíduo, fazendo com que ele não escolha o crime: a educação dos pais, a moral... e aquele grande desconhecido, o livre-arbítrio.

Se o crime fosse causado por pobreza, teríamos milhões de criminosos pelas ruas, não milhares. Mas a pobreza não é a causa principal dos crimes. Tem influência sim, mas não é a causa.
Já parou pra pensar em quantas pessoas pobres não tem formação escolar, são filhos de pais separados, se matam pra ajudar em casa, vêem os bandidos cheios de tudo que eles gostariam de ter... e mesmo assim não entram pro crime?
Essas pessoas são exatamente a maioria dos pobres! E por quê não entram pro crime?

É essa a pergunta chata que nossos campeões da igualdade social não querem fazer a si mesmos.

Reflexões sobre o welfare state


Participei de uma discussão meio acalorada no blog do Rodrigo Constantino a respeito do mito do welfare state sueco.
Para os não-iniciados, seria o "Estado de bem-estar social" que existe na Suécia, onde o Estado tem uma presença maciça na economia e vida social, cuidando de tudo e todos, dando educação e saúde de qualidade para todos, seguro-desemprego farto e longevo aos desempregados, estabilidade inacreditável aos recém papais e mamães, proteção aos trabalhadores por meio de regras rígidas para os contratos de trabalho, entre outras coisas.
O custo de um país maravilhoso assim é módico: o Estado taxa 60% da renda do cidadão.

E os esquerdistas de todo o mundo dizem: "Estão vendo? Nosso modelo funciona!! Veja como eles são desenvolvidos"!
Vou me eximir de repetir o trabalho de desconstrução feito pelo ótimo artigo do Rodrigo. Vou me apegar apenas a alguns aspectos lógicos.

Dado 1: existem muito, muito mais países desenvolvidos capitalistas do que desenvolvidos socialistas. Acho que esse é um dado importante para decidirmos qual caminho seguir. Mas nossos amigos esquerdistas não querem pensar nesse fato, preferem empurrar pra baixo do tapete.

Dado 2: os suecos se dizem socialistas, mas são, na verdade, social-democratas. Como assim?
"O social-democrata é o socialista que não tem coragem de suprimir o direito de propriedade". Acho que foi Von Mises que disse isso. Sendo assim, os socialistas puros (essas duas palavras juntas me causa espécie) não podem se vangloriar 100% dos "sucessos" desses regimes. Eles também teriam de admitir que o respeito à propriedade privada é necessário e benéfico.
Mas eles não estão interessados em ser coerentes, correto?

Dado 3: não sei quanto a vocês, mas eu me lembro muito bem que a França e outros países que estão meio no caminho do welfare state, meio no caminho liberal, estão tendo sérios problemas com a Previdência e com o desemprego.
As regras rigidíssimas de contratação, a chamada "proteção ao trabalhador", fazem os empregadores terem medo de contratar: é a velha história de pagar 100 pro trabalhador e mais 90 pro Governo em impostos; não poder contratar estudantes ou recém-formados para trabalhos temporários por medo de criar vínculo empregatício e ter de ficar com um trabalhador inexperiente...

É a mentalidade anticapitalista!! A mentalidade na qual as empresas são todas umas exploradoras porque visam o lucro. Então vamos "proteger" o trabalhador, penalizando as empresas! Mas as pessoas se esquecem que são as empresas que produzem, vendem serviços, bens e pagam salários. É do imposto delas que também sai uma boa parte do sustento do Estado!

Será que é tão difícil ver que só podemos esperar frutos murchos de uma árvore que volta e meia recebe uma machadada?

terça-feira, agosto 08, 2006

A Mentalidade Anticapitalista - Introdução


Esse assunto será recorrente neste blog: as inúmeras manifestações pessoais, sociais e até institucionais de uma mentalidade que atribui ao capitalismo a origem de todos os vícios e ações nefastas do ser humano.

O economista Ludwig von Mises, já afirmou em 1956, que uma das causas primárias da vilificação do capitalismo é que ele permite que as pessoas vençam ou fracassem em seus empreendimentos por seu próprio mérito.
Na sociedades aristocráticas, qualquer um poderia dizer que não cresce porque "a vida é assim", "eu não nasci filho do duque", "se eu nasci servo, sempre serei servo". E isso era verdade, pois a sociedade era baseada em classes fechadas. Não havia praticamente nenhuma chance de um filho de lavrador ascender na pirâmide social. E assim, ninguém se sentia culpado por não conseguir melhorar de vida. "As coisas eram assim", e pronto!

Quando a sociedade é capitalista, os que estão no topo são aqueles que estavam preparados e souberam aproveitar as oportunidades. Outros estavam preparados mas não aproveitaram suas chances, e outros que estavam no lugar certo, na hora certa mas não estavam preparados e todas as variações cabíveis.
Quem já não se sentiu assim? "Se eu tivesse feito tal curso e não aquele...", "se eu tivesse aceitado aquele negócio que fulano me ofereceu...", ou "eu sabia exatamente o que fazer mas ninguém me deu chance de explicar..."

Na sociedade capitalista, cada um, lá no fundo sabe qual é a sua parcela de culpa e de mérito. Quando foi que mandou bem e quando pisou na jaca. Algumas vezes você não teve controle, é verdade. Mas você também sabe que muitas, muitas vezes tudo dependeu do seu esforço, seu estudo, seu trabalho.
No capitalismo, o indivíduo não tem a desculpa de que "as coisas são assim". Você certamente tem colegas que tiveram as mesmas bases que você que, no entanto, estão mais ricos, ou numa posição de mais prestígio. Muitas pessoas, embebidas na mentalidade anticapitalista explicam isso dizendo "eles estão melhores porque provavelmente passaram a perna em alguém, ou receberam favores". Claro, claro. Se alguém está melhor que você é porque trapaceou, não é mesmo?
O que dizer daquelas pessoas que começaram do mesmo jeito que você e que hoje estão bem abaixo? Eles também podem pensar que você está melhor porque "certamente fez alguma trapaça, ou foi indicado por um figurão". Ah, mas você não fez nada disso, certo? Só os outros são incompetentes, preguiçosos ou deixam oportunidades passarem...

É exatamente esse aspecto rigoroso do capitalismo que não é engolido. Você vence de acordo com seus esforços. Se não vence, a culpa é sua. Não é da sociedade, do mundo desigual, das forças ocultas, nem nada. Salvo casos muito particulares, é sempre sua responsabilidade. E não só você, mas todos sabem que é sua responsabilidade.

Mas para aliviar todos os sentimentos negativos que vêm desse sentimento de responsabilidade, afirmamos para nós mesmos que a culpa não é nossa. É dos outros, é da sociedade consumista, é das pessoas egoístas, em suma, é culpa do capitalismo.

Vou te dizer algo tão óbvio que está em qualquer livreto de auto-ajuda: o que mais impede alguém de melhorar é não reconhecer suas próprias deficiências. Parem de culpar um sistema de produção e troca de bens e serviços, por tudo de ruim que as pessoas fazem ou deixam de fazer.

Mas essa é uma das causas da mentalidade anticapitalista. Veremos outras mais tarde.

Créditos a quem de direito: o título do meu post é o nome da genial obra de Ludwig von Mises - The Anticapitalistic Mentality.
E o texto no Libertatum, acabou me empurrando comentar o assunto.

Repetir é frustrante


Me causou espécie o artigo do Gilberto Dimenstein, na Folha de hoje. Ele apóia a manutenção da "progressão continuada", o sistema de educação que praticamente aboliu a repetência, substituindo-a por um acompanhamento aos alunos com mais dificuldades, evitando assim frustrar as crianças e diminuir a evasão escolar.
Dimenstein diz "o aluno repetente se torna um frustrado, um ressentido, sente-se incapaz na escola. Está mais próximo da evasão, ou seja, ir para a rua, do que de aprender alguma coisa". Segundo ele, o caminho seria a manutenção deste sistema de progressão, aliada à educação por tempo integral, com apoio e orientação da comunidade próxima.
Se a preocupação é evitar a evasão escolar, acho que ele está errando o alvo. A principal causa evasão escolar são as péssimas condições econômicas da família. Será que isso é tão difícil de enxergar?
O aluno pode ser péssimo ou exemplar mas, se estiver faltando comida na mesa, seus pais vão tirá-lo da escola e botá-lo pra trabalhar! Será que Dimenstein, ou alguém pode me explicar como é que a progressão continuada ou a escola em tempo integral pode mudar essa realidade?

A progressão continuada é linda, mas somente num país onde:
1- a educação realmente receba recursos
2 - os professores realmente sejam capacitados para lidar com os alunos com dificuldades
3 - a infra-estrutura física realmente seja adequada para comportar essas atividades.

Como no Brasil nada disso acontece, o resultado é o que conhecemos nestes últimos anos; alunos chegando na 8ª série sem saber ler um texto respeitando a pontuação, nem saber resolver equações de primeiro grau.

Um blog desmoralizando as agências de notícias

Escarafunchando mais o caso abaixo: o blog britânico EU Referendum causou uma pequena celeuma (lá na Europa... aqui nem se ouviu falar!) ao contestar a cobertura fotográfica da Reuters, Associated Press e France Press.
O blog afirmou que suas fotos estavam mostrando pessoas "posando" com cadáveres de crianças; inclusive um soldado do exército libanês aparecia numa foto carregando uma criança morta e numa foto com horário mais tarde, o mesmo soldado aparecia retirando a criança dos escombros.

É claro que o blog foi xingado de tudo quanto é nome... e eu reparei que a cobertura do Estadão faz questão de classificar o blog politicamente: "blog britânico de orientação conservadora". Me pergunto se eles se dão a esse trabalho quando o veículo que eles estão citando não é conservador, liberal ou genericamente "de direita".
Também notei a distribuição mui justa de espaço entre o desmentido das agências (com citações pessoais) e a tese do blog (só no discurso indireto).

Pois bem... dias depois ocorreu o que vocês leram abaixo. A Reuters teve de reconhecer que "algumas" fotos foram modificadas e tirou o lote todo do ar.

Alguém se desculpou com o EU Referendum? Ora, pra quê não é mesmo?

Photoshop no Líbano

O Estadão, em sua versão online trouxe a notícia de que um fotógrafo da Reuters estava maquiando imagens do conflito no Líbano para... como direi? Deixar a coisa mais apimentada.
O cidadão chegou a fazer com que a foto de um avião de Israel mostrasse o lançamento de três mísseis, quando na verdade tinha lançado um. Que coisa linda a criatividade desse pessoal!!

O fotógrafo foi afastado e todas suas 920 fotos foram tiradas de circulação. Perguntas óbvias: quantas será que ele adulterou? Que tipo de "melhorias" será que ele introduziu nas fotos? Um avião onde não havia? Fogo onde havia só fumaça? Mais feridos do que o real?

Acham difícil adicionar sangue ou uma pessoa inteira numa foto? Vocês precisam rever seus conceitos sobre edição digital.

É... Israel tem uma guerra extremamente difícil a enfrentar. A guerra da mídia. Vejam na Reuters o trabalho do artista e os comentários do leitores já irados.