sábado, janeiro 27, 2007

Economia em Uma Lição

Ao se estudar Economia, é preciso ter em mente os efeitos que uma determinada ação terá sobre um grupo específico e sobre todos os outros grupos que possam ser afetados a longo prazo. Esta é a lição de ouro que extraí do livro de Henry Hazlitt, Economics in One Lesson. E meu exemplo preferido é quando o Governo aumenta o salário mínimo.

Souza tem uma pequena empresa, com 10 empregados ganhando salário mínimo, operando 10 máquinas.
Souza gasta R$ 3.500 com salários e outros R$ 1.500 com gastos de operação fixos (água, luz, telefone, manutenção, limpeza, segurança) e matéria-prima, atingindo o custo total de R$ 5.000.
A fábrica de Souza produz 1000 peças acabadas por mês. Vendendo cada peça por R$ 8,50, ele consegue um faturamento de R$ 8.500.

Ou seja, Souza, o empresário capitalista ganancioso, tira um lucro de R$ 3.500 todo mês, às custas do suor de seus empregados! São 10 vezes o salário de cada um deles!! Não é um absurdo? O Governo também acha e, sensibilizado, aumenta o valor do salário mínimo de R$ 350 para R$ 400, uns 14% a mais.

Agora, o custo total de operação da empresa de Souza é de R$ 5.500. O lucro dele vai cair em R$ 500, não é? Errado. Porque até agora não computamos os impostos. A carga tributária no Brasil não é de quase 40%? Façamos de conta que um terço, 33% do faturamento vão parar na mão do Governo. Antes, dos R$ 3.500 que Souza faturava, ele ficava com R$ 2.333. Agora ele fatura R$ 3.000 e fica só com R$ 2.000.

E agora, Souza? Vai continuar a ser empresário, se preocupar com impostos, empregados, fornecedores, clientes insatisfeitos, fiscalização e roubos, por meros dois mil? Se a situação já não estava tão boa antes, agora ele pergunta se não deveria prestar um concurso público e deixar essa vida cheia de preocupações. Podem ter certeza que muitos Souzas por aí fizeram essa escolha.

Mas o "nosso" Souza continuará a ser empresário. Suas duas alternativas: 1 - repassar parcial ou totalmente o aumento para o produto e rezar para não perder clientes; 2 - encarar a redução no lucro e não repassar nada para o produto final;

Saída 1: repassar o aumento parcial ou totalmente.
Antes, com o preço da peça a R$ 8,50, Souza faturava R$ 8.500. Depois do aumento do salário, ele decide repassar só 10%, por temer que a concorrência cobre menos do que ele. A peça seria vendida por R$ 9,35. Seu faturamento será de R$ 9.350? Depende.

E se somente 900 pessoas aceitarem pagar o novo preço? Ele irá faturar menos do que antes!! Duas coisas podem acontecer:
Cenário A - se ele voltar ao preço antigo, sofrerá as conseqüências da Saída 2.
Cenário B - se persistir no aumento, poderá perder mais clientes e até fechar as portas. Nessa última hipótese, os próprios trabalhadores que o Governo tentou proteger com o aumento serão prejudicados!
Se ele conseguir vender todas as 1000 peças pelo novo preço, ele ficará bem e poderá expandir sua empresa. Mas... e os consumidores? Todos eles estarão pagando mais pelo mesmo produto.

E se vários Souzas aumentarem seus preços sem perder clientes? Acontecerá o que chamamos de inflação. Ou seja, pela Saída 1, na melhor das hipóteses, o Governo acaba induzindo inflação. E na pior, ele induz inflação E desemprego!!

Saída 2: não repassar e aguentar a redução no lucro.
Os empregados do Souza tiveram aumento de 14%. Mas o Souza, quando tirava líquido R$ 2.333, tinha planos de acumular R$ 333 durante dois anos e trocar quatro das suas máquinas por outras 50% mais produtivas. Sua produção total pularia de 1000 para 1200 peças e seu lucro líquido, descontados os impostos, subiria de R$ 2.333 para R$ 3.467.

Após isso, em menos de um ano ele poderia trocar as outras seis máquinas e seu faturamento seria 50% maior que o inicial. Com máquinas modernas, o próximo passo para aumentar ainda mais a produção seria comprar outras e contratar mais funcionários.

Mas nada disso acontecerá, porque o lucro do Souza diminuiu. Se ele puder e quiser acumular dinheiro pra trocar as máquinas, terá de tirá-los do seu sustento, reduzir o seu padrão de vida por muito mais que dois anos. Os funcionários de Souza ficaram bem; mas os que estão desempregados, justamente os mais necessitados, não poderão ser contratados pelo Souza porque sua empresa não cresceu.

Quantas outras empresas como a do Souza não vão poder contratar no futuro, porque seus custos aumentaram? O Governo criou desemprego futuro, por impedir que as empresas crescessem e contratassem mais funcionários.

Resumo da ópera: é muito, muito fácil olhar apenas quem será diretamente beneficiado com uma medida(no caso, os trabalhadores); mas ao prestarmos atenção nos outros grupos afetados no médio e longo prazos, podemos perceber conseqüências simplesmente funestas para a maioria da sociedade, muitas vezes retornando e atingindo o próprio grupo que se tentava proteger.

sábado, janeiro 06, 2007

Os Eternos Culpados - parte 2


O crime de ser independente
Após o final da II Guerra Mundial, ficou evidente a necessidade da criação quase imediata de um Estado judeu. O Reino Unido também queria se retirar da administração da Palestina. As Nações Unidas, após muita discussão, criou a resolução 181 de 1947, dividindo a região em duas, uma árabe e outra judaica. O "plano de repartição", como ficou conhecido, foi muito criticado pelos dois lados mas acabou sendo aceito com reservas pelos judeus. Os árabes, porém, não aceitaram o plano. Por que eles não aceitaram? O que eles queriam que fosse feito em vez disso? Estudaremos os motivos mais abaixo.

A Guerra Árabe-Israelense de 1948
A partir de 1948, Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, não tendo aceito a criação de dois Estados, um para os Judeus e outro para os Palestinos, iniciaram uma guerra de cinco contra um (com pequenas ajudas da Arábia Saudita e do Yemen). Alguém já parou pra pensar que se esses países tivessem aceito o plano, talvez já existisse uma Palestina em paz, hoje?
Após muita luta, os israelenses conseguiram repelir os ataques e ainda conquistaram mais território; acabaram tomando 50% do espaço previsto pelas Nações Unidas para ser da Palestina e assinaram tratados de paz com cada país árabe em separado. O Egito e a Jordânia recém-formada tomaram o controle da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental do rio Jordão, territórios esses que também seriam da Palestina proposta pela ONU.

Os reais motivos da não criação da Palestina
Quando da rejeição ao plano de partição do território, os países árabes envolvidos disseram que não levava em conta a maioria palestina na região. O interessante é que o próprios palestinos não puderam se pronunciar. Síria, Jordânia, Líbano, Egito e Iraque simplesmente decidiram que era melhor não aceitar, pois inviabilizaria a criação de uma "Grande Palestina".
Não sei quanto a vocês, mas eu nunca vi um país entrar em guerra com outro só para ajudar um terceiro, sem ter nenhum interesse envolvido. Será que esses cinco países eram tão altruístas assim? E se o objetivo deles era dar aos palestinos o que eles queriam, por que é que Egito e Jordânia não cederam os territórios que conquistaram? Eram territórios que pelo plano da ONU já seriam dos palestinos, não é mesmo? Mas ambos mantiveram suas posses com mãos de ferro, até 1967, quando entraram em guerra novamente com Israel e perderam esses territórios que estão até hoje sob ocupação militar de Israel. Ainda assim, a Jordânia só desistiu de reclamar a Margem Ocidental em 1988 (!!).
Não é preciso pensar muito para perceber: os maiores interessados na NÃO criação da Palestina sempre foram os demais países árabes. Eles queriam simplesmente que a região fosse dividida entre eles, sem Israel, nem Palestina, deixando esses povos viverem como cidadãos de segunda classe dentro de seus territórios.
Parece uma teoria inacreditável? Bobagem? Pois é exatamente assim que os curdos "vivem" dentro do Irã, Iraque e Turquia até hoje. Sabia que os palestinos são aproximadamente 10 milhões e os curdos passam de 30 milhões? E continuam sendo alvo de perseguição dentro de vários países. Quem defende a criação da Palestina (como eu) é moralmente obrigado a reconhecer que a causa dos curdos é muito mais dramática. Saddam Hussein cansou de usá-los como alvos de armas químicas.

Quem realmente busca a paz?
Por serem da mesma etnia e religião, os demais países árabes manipulam o conflito Israel-Palestina, tentando tirar algum proveito. Ora manipulam as eleições palestinas para que grupos extremistas anti-Israel cheguem ao poder, ora permitem que milícias terroristas como o Hezbollah operem dentro de seu território sem nenhuma restrição. E quando Israel revida... todos gritam em uníssono "pobres palestinos oprimidos por Israel", "Israel quer destruir a todos nós, árabes".
É engraçado que esses países árabes não fizeram nenhum esforço para que surgisse um governo palestino legítimo. Pelo contrário, alguns deles promoveram certos "governos" que nada mais eram que fantoches. Mas Israel reconheceu a Organização para Libertação da Palestina (OLP) como sendo a única que representa os interesses palestinos e trabalha em conjunto com a Autoridade Palestina administrando os territórios em disputa, enquanto não há solução definitiva.
Esses mesmos países árabes tiveram territórios considerados palestinos em seu poder durante décadas e nenhum deles sequer cogitou cedê-los aos palestinos. Mas Israel fez isso. Demoliu casas e expulsou seu próprio povo de territórios ocupados para deixar sob controle da Autoridade Palestina.

Tenho perfeita noção que Israel já causou centenas de milhares de mortes de palestinos e árabes. Assim como estes também já explodiram incontáveis ônibus escolares, discotecas lotadas e lançaram sua cota de mísseis.
Oh, Palestina, abra os olhos! Que inimigo é esse que entrega territórios às custas do seu próprio povo? Que amigos são esses que só sabem aconselhar não descansar a mão do gatilho?

domingo, outubro 08, 2006

Os Eternos Culpados


"A ONU pró-judeus criou o Estado de Israel sem levar em conta os interesses dos povos daquela região". "É Israel que vive invadindo os territórios alheios e recebe justa retaliação por isso". "Israel é a culpada pela situação de violência na região".
Essas são algumas dos argumentos distorcidos, fatos históricos pervertidos, ou puras e simples mentiras que, infelizmente, são lugar-comum no pensamento de milhares de pessoas no Ocidente. E geralmente quem profere alguma dessas frases costuma ter total convicção de sua veracidade. Como dizia mesmo Cazuza? "Suas idéias não correspondem aos fatos".

Por primeiro, querer definir a quem pertence a região, tentando descobrir quem estava lá primeiro é um método já desacreditado. Pelo simples motivo de que, se fosse válido, esse método valeria para qualquer país, qualquer povo. Mas ele é lembrado somente em relação à Israel-Palestina.
Mesmo que fosse um método válido, já não resolveria o problema, pois desde tempos imemoriais a região teve habitantes ancestrais de judeus e de árabes. Houve ondas de imigração constantes; a população das etnias flutuava ao longo dos séculos, conforme o império dominante da vez.
Mas se algum defensor do método "quem estava lá primeiro" insistir na tese, devemos perguntar a essa pessoa se deveríamos então devolver as Américas aos descendentes dos índios, ou até mesmo aos europeus, nos casos em que esses colonizaram regiões desabitadas no continente.

Superado esse método, devemos nos concentrar em a partir de quando começaram os conflitos entre judeus e árabes naquela região. Pois, em nenhum momento da História deixou de haver judeus naquela região, hoje reivindicada com exclusividade pelos árabes-palestinos. Conclui-se que, a partir de uma certa época, a presença dos judeus deixou de ser tolerada. Em que circunstâncias se deu isso?

A Região
A Palestina, na época da I Guerra Mundial, era o nome de uma região muito maior do que Israel é hoje, incluindo parte dos atuais Síria, Iraque, Arábia Saudita e todo o Líbano, sendo dominada pelo Império Otomano. Ou seja, havia árabes e judeus na região, mas quem detinha o poder político eram os turcos. Ao fim da I Guerra, com a extinção do Império Otomano, a região ficou sob administração da Inglaterra e foi dividida em Transjordânia e Cisjordânia (onde havia significativa população judaica).

Os Povos
O anti-semitismo não é fenômeno novo. Na era contemporânea, ele já foi registrado em 1860 (!), sendo mais ou menos forte há séculos. Houve cinco grandes ondas de imigração judaica retornando para a Palestina, as três últimas depois da I Guerra, quando o anti-semitismo cresceu muito em toda a Europa. Com a ascensão do Nazismo, o número de judeus retornando, comprando terras, cresceu tanto que os árabes da região se ressentiram. Recém-libertos dos turcos, os árabes-palestinos queriam o estabelecimento de um novo país. Mas se a imigração continuasse, eles teriam de dividir esse país com a população judia, que já em 1936 somava meio milhão de pessoas. Eles queriam eleições imediatas, enquanto ainda fossem maioria.

Primeiros conflitos
Para isso, começaram com uma greve geral, recusa em pagar impostos, seguida de ataques aos oficiais britânicos que administravam a Palestina e aos judeus. Essa foi a Grande Revolta árabe de 1936-1939.
Esse conflito acirrou e dividiu ainda mais a coexistência dos dois povos; a vida econômica dos dois povos, antes entremeada, tornava-se mais e mais independente devido às construções de portos, mercados e outros entrepostos separados para cada povo.

Na segunda parte, a guerra de independência e as reais intenções dos demais países árabes sobre a criação da Palestina.

domingo, setembro 10, 2006

Jamais haverá igualdade


É impressionante o poder que anos de doutrinação esquerdista na mídia, nas escolas e universidades exercem sobre a mente das pessoas. Aceitamos conceitos prontos e os colocamos como valores ideais, bons e puros, que devemos perseguir. Não conseguimos questionar esses valores, verificar se realmente são válidos, a não ser quando algo muito forte abala nossas convicções herdadas. E às vezes, o domínio é tão forte, que nenhum abalo nos faz perceber que abraçamos causas erradas.

Quero focar na bendita, santificada "igualdade social". O senso comum nos diz que é algo positivo, bom e desejável para qualquer sociedade. Devemos nos esforçar para termos igualdade social, não é isso?

Se com "igualdade social" querem dizer que todos deveriam ter os mesmos recursos financeiros, então essa igualdade que pregam nada mais é do que Socialismo! Aquele regime onde todos são igualmente pobres, exceto os altos funcionários do governo.
Ou será que essa igualdade apregoada é a nossa velha conhecida "igualdade perante a lei"? Mas então é totalmente desnecessário o termo "social"!

Igualdade social é um termo sem definição; quem grita por ela não sabe dizer qual é a diferença dela das outras "igualdades". Rigorosamente, ela não existe, ou outros termos já explicam tudo que ela deveria significar.
Imaginemos que por um passe de mágica, amanhã todas as pessoas tenham os mesmos recursos financeiros e mesmo nível de estudo, conforme a idade. Sabe o que acontecerá um mês depois? Estará tudo desigual novamente! As pessoas trabalharão mais ou menos, se dedicarão aos estudos mais ou menos, mudarão de trabalho, de lazer, de religião, conforme sua personalidade.

O que nós de fato podemos buscar, é a igualdade de oportunidades. Devemos sim buscar oportunidade de estudo igual para todas as crianças; oportunidade de saúde, lazer e, posteriormente, de entrar no mercado de trabalho.

O que essas crianças, jovens e adultos farão com suas oportunidades iguais, é outra história.
Pretendo demonstrar que é irracional buscar qualquer coisa diferente de oportunidades iguais e tratamento igual perante a lei. A Justiça não consiste em "tratar os desiguais desigualmente"?
Alguns podem optar por uma carreira no serviço público. Outros pela informática, e outros ainda pela dança ou música. E cada um vai se dedicar de maneira diferente. É natural que tenham remunerações diferentes, que alguns sejam artistas famosos e outros sejam desconhecidos. Que alguns sejam empresários de sucesso e outros sejam técnicos que atendem o telefone.

Quem se esforça e estuda mais, trabalha mais ou se dedica mais, deve ser melhor remunerado! Não só é óbvio, como é o justo.
Agora a conclusão chata: se é justo remunerar melhor os mais capazes, qualquer sistema que premie igualmente as pessoas é inerentemente injusto. Ou seja, a igualdade pode ser injusta. Já pensou nisso?
E por que é injusto? Porque quem pode produzir mais, não o fará pois não ganhará nada com isso. Quem tem uma nova idéia não vai se esforçar pra convencer ninguém a implementá-la, porque também não vai ganhar nada com isso. Se ninguém puder ganhar mais, todo o incentivo a ser mais do que razoável, em qualquer área, desaparece.
Desdobrando a conclusão: só pode haver Justiça em sociedades que permitam oportunidades iguais, porém com recompensas diferentes para os mais realizadores. Sim, é isso que você está pensando: isso gera ricos e pobres.

Num sistema onde existem oportunidades iguais de fato, quem se esforça mais fica rico, quem não se esforça permanece pobre. Nunca existiu sociedade assim. Porém o capitalismo é o sistema mais próximo desse ideal. Nele é possível o surgimento de meninos vendedores de canetas que se tornam donos de rede de TV. Já ouviu falar de algo assim no socialismo ou em qualquer outro sistema?

A existência de ricos e pobres não é um sinal da perversidade do capitalismo como somos ensinados desde sempre. É um sinal de que existem falhas, falta de oportunidades iguais e de tratamento igual, gerando todo tipo de injustiças; mas também é um sinal de que há pessoas muitíssimo mais capazes do que outras, gozando os frutos do seu próprio trabalho.

Igualdade absoluta é indesejável, porque é injusta. E mais do que isso, é impossível.

quarta-feira, agosto 30, 2006

As contradições do socialismo - parte 3

Era uma vez, um país que adotou um novo regime. Nele, o governo e o partido eram um só. Toda a produção foi planejada e conduzida pelo Estado para levar a nação à glória. A classe dos exploradores do povo foi toda extirpada. E o serviço secreto cuidaria do resto. Parece a Rússia pós-revolução comunista de 1917? Mas não é. É a Alemanha nazista.

Acredito que esta seja a mentira mais bem construída do século XX. Tão entranhada e disseminada que é quase um ato reflexo enunciá-la. Pense num regime de extrema-direita. Se você pensou nazismo, como 99% da população, sinto muito informá-lo: você está errado.

"Ora, mas é lógico que o nazismo é de extrema-direita! Quem é você para contradizer isso?" Sou alguém que pensava exatamente assim, até pouco tempo atrás. O nazismo é de direita por quê? Já se questionou sobre isso? Vou relacionar alguns fatos (coisas que esquerdistas odeiam) para colocar tudo em pratos limpos:

1 - O nome completo do partido nazista era partido nacional-socialista dos trabalhadores alemães. Nossos livros e professores de História não gostam de lembrar desse "detalhe".
2 - O nazismo tinha um bode expiatório. Todos os problemas do povo, a hiperinflação, o desemprego, a humilhação do tratado de Versalhes, a fome, a derrota na 1ª Guerra, todos os males possíveis foram creditados aos judeus. A diferença do nazismo pro comunismo é que estes trocam a palavra "judeus" por "burgueses".
3 - Chegando ao poder, os nazistas assassinaram todos os judeus. Chegando ao poder, os comunistas assassinaram todos os burgueses. Parecido, não é?
4 - Criaram uma ideologia mágica que, se fosse implementada à risca, faria o país retomar seu caminho rumo a grandeza, as pessoas perceberiam sua força interna e, unidas, construiriam uma nova sociedade. Estou falando da "supremacia ariana" de Hitler ou do Marxismo? Dos dois.
5 - O nazismo tinha seus campos de concentração. E o comunismo, tinha os "gulags", campos de trabalhos forçados.
6 - Não havia liberdade de expressão, nem de imprensa, nem de opinião no nazismo. E no comunismo, ainda não há.
7 - O único argumento que poderia ser levantado para dizer que o nazismo era de direita, é que os meios de produção não foram todos estatizados. Mas também não é verdade. Ludwig von Mises, brilhante economista austríaco que viveu na Europa nessa época, explicou em sua obra Omnipotent Government, que a economia nazista não tinha propriedade privada de fato, só de nome. O governo nazista passou a controlar, por meio de decretos, toda a produção. O quê era produzido, em que quantidade, qual era o preço de venda, quanto de juros os bancos cobravam, e qual o valor do salário. Os donos dos meios de produção não foram expropriados porque não foi preciso. Eles eram obrigados a executar ordens de produção vindas do governo. O nome dessa "política econômica" era Zwangswirtschaft, isto é, economia de coerção. Nem de longe parecido com o livre-mercado da "direita".
Para os que duvidam deste último ponto, além do livro acima, aluguem também o filme "A lista de Schindler" e prestem atenção em quem realmente mandava na fábrica de Oskar Schindler. E isso era a regra geral.

Já me deparei com alguns argumentos um pouco mais elaborados, tentando dizer que o nazismo era de direita pois ele era anticomunista. As provas seriam o incêndio do parlamento alemão, no qual os nazistas culparam os comunistas, e o próprio ataque à URSS durante a 2ª Guerra.

A esses dois fatos, dou a explicação Highlander: "Só pode haver um". Heloísa Helena e Lula não são de esquerda? Então por quê os dois estão disputando a presidência? Porque só pode haver uma pessoa no poder. Eles não estão se importando se suas ideologias são semelhantes. Eles querem o poder, mesmo que tenham de atacar um possível aliado. Hitler fez o mesmo.

A ideologia é muito próxima; os métodos de liquidar a oposição são quase idênticos; as economias seguiam o mesmo princípio, as liberdades são esmagadas nos dois regimes, ambos eram totalitários... por que diabos o nazismo seria de extrema-direita, se ele é tão, tão semelhante ao comunismo?

Na parte 4(!) deste artigo: o que aconteceu com o Vietnã depois que os EUA desistiram da guerra? E o que aconteceu no país vizinho, o Camboja? E Cuba, a ilha-presídio do Caribe?

terça-feira, agosto 22, 2006

As contradições do socialismo - parte 2

Promete a verdadeira democracia, mas se instala por meio de uma ditadura. Visa proporcionar liberdade máxima às pessoas, mas primeiro controla o que você faz, o que pensa e para onde vai. Promete a fartura, mas causou milhões de mortes por fome. Seus aplicadores mais ferrenhos estão no topo da lista dos maiores tiranos do último século. Ironicamente, seus maiores progressos se deram por competir com outro sistema de produção. Esse é o socialismo.

Apesar de se apresentar como científico, o socialismo na verdade é camaleônico. Ele é um sistema de governo? Ele é um sistema de produção? É uma ideologia? É uma moda? Até uma razão de viver para alguns? A resposta é sim para todas as perguntas.
Por isso os esquerdistas têm tanta facilidade em se desviar das críticas que fazemos ao socialismo.
Quando você demonstra com argumentos econômicos que a produção socialista é inerentemente pior que a capitalista, os esquerdistas se defendem com argumentos geopolíticos do tipo "é o embargo americano que faz o povo de Cuba ser pobre".
Se você aceitar o jogo e falar sobre o desrespeito gritante aos direitos humanos nos países socialistas, eles novamente mudarão de assunto, falarão das desigualdades do capitalismo, que no socialismo todos são iguais, existe mais solidariedade e outros "argumentos" inquantificáveis.
Se você mais uma vez engolir o joguinho dele e apontar que o socialismo é injusto pois quem se esforça muito e quem se esforça pouco são premiados igualmente, o nosso esquerdinha vai dizer que pertence a uma "outra vertente" socialista, dizer que você não sabe o que é o socialismo real e não passa de um egoísta que não se importa com o sofrimento dos outros. E aí você perdeu a discussão, meu caro. Porque permitiu que seu interlocutor "mudasse de pele" quantas vezes quisesse.

O socialismo promete a fartura, pois todas as pessoas estarão produzindo, sabendo que é para o bem de todos. Mas... lá vem os fatos, esses impertinentes. Sabe o que é Holodomor? É o nome do holocausto da fome que aconteceu na Ucrânia sovietizada, nos idos de 1932-33. Sigam o link em inglês, meus caros. Dispensa mais palavras.
Ainda com a barriga cheia de socialismo? Que tal o Grande Salto Adiante, política do regime da China comunista que causou entre 20 e 30 milhões de mortes?

Por que você nunca ouviu falar da fome na Ucrânia e nas dezenas de milhões de mortos na China?
Porque seu livro de História esquerdista se preocupa em mostrar, nos anos 30, como Getúlio lidou com a Revolução de 32 e a ascensão dos regimes totalitários na Europa. Em 1958-62, seu livro de História "imparcial" prefere mostrar como os Estados Unidos entraram na Guerra do Vietnã, a crise dos mísseis em Cuba e a Guerra Fria em geral.

Esses assuntos também eram importantes. Mas não dar nem uma palavra sobre os milhões de mortos, é cuspir em seus túmulos. Nunca mais olhei para um livro de História sem pensar:
"Quais verdades será que esse autor está me escondendo?"

Pensei que daria pra fazer em duas partes mas não. A parte 3 será a mais polêmica. Até lá.

quinta-feira, agosto 17, 2006

As contradições do socialismo - parte 1

Demonstre como a prática socialista é odiosa e distante da teoria; conteste o lado humano, enfatizando a falta de liberdade de expressão, política e artística; mergulhe no mecanismo da ideologia e aponte que ninguém sabe como chegar na "fase final" do socialismo. Mas para o socialista de verdade, fatos não importam.

Em primeiro lugar, adoto a definição clássico-marxista de socialismo. Isto é, o regime onde todos os meios de produção pertencem ao Governo, sejam fazendas, fábricas, minas, jornais, hospitais ou escolas. E o comunismo sendo a fase final do socialismo, quando então a sociedade vai gradativamente desmontando o próprio Estado até a supressão total deste (comunismo puro).

Já de início quero desarmar os espertalhões que irão dizer "isso que você está combatendo não é o socialismo", ou "não é o socialismo real". Já cruzaram com um tipo assim? Aquele que pretende saber mais do que o próprio Marx o que seria o socialismo. Eles não percebem que se comportam como o sujeito que escuta "amai a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo" e te diz que "isso não é o cristianismo real".

As contradições do socialismo começam... pelas origens. Foi o próprio Marx que disse: toda ideologia que sai da cabeça do burguês está contaminada pelo "pensamento de classe". Mas ninguém levanta a questão de que Marx também foi um burguês. Nasceu numa família que pôde pagar seus estudos até a faculdade. Trabalhava como jornalista e escritor, ao mesmo tempo que recebia mesada de Engels. Por que somente o iluminado Marx estaria livre do pensamento de classe que ele mesmo criou?

Pelos seus manifestos, o socialismo diz que os trabalhadores, em revolução, tomarão os bens e meios de produção em nomes de todos e implantarão a "ditadura do proletariado". Bem, o problema já começou cedo. Não existe no mundo regime socialista que foi implantado sem muito, muito sangue. Só isso já deveria fazer os nossos esquerdistas pensarem bem se esse sistema de governo vale a pena. Isso se eles forem tão preocupados com a exploração do ser humano quanto dizem. Ou eles acham que só os "malvados burgueses" vão morrer numa revolução?

Um slogan gravíssimo do socialismo é "tomar os bens e meios de produção e distribuir aos trabalhadores". As justificativas dos esquerdistas são: 1. Isso é preciso para implantar um regime bom pra todos. 2. Na verdade estamos fazendo justiça, pois os burgueses ficaram ricos explorando os pobres.
Na 1ª hipótese, eles estão implicitamente dizendo que os fins justificam os meios. Posso cometer uma injustiça para resolver outra.
Eles fazem de conta que não existem burgueses que ficaram ricos sem explorar ninguém. Vão tomar os bens assim mesmo. Que imoral, hein?
Na 2ª hipótese, fica provado o quanto eles desconhecem Economia, se pensam que riqueza é algo estático, que o indivíduo A só pode ser rico se tirar um pouco dos indivíduos B, C e D.
Riqueza pode ser criada. E não só pode, como é a regra geral no capitalismo. Pelo simples motivo de que gerar riqueza é mais eficiente do que tirar de um para dar pro outro.

Quem leu os livros e manifestos de Marx, devia saber que para ele o socialismo era inevitável. Sua teoria da mais-valia e dos lucros decrescentes "demonstrava" que o capitalismo estava fadado ao colapso, pois com a expansão das indústrias em cada campo, os lucros cairiam sempre, causando mais exploração do trabalhador para compensar a queda dos lucros. Quando a situação chegasse no ponto insuportável, estouraria a revolução socialista. Tudo conforme previsto pelo materialismo histórico. Para Marx, quanto mais o capitalismo se desenvolvesse, mais próximo estaria do colapso e mais próximos da revolução socialista estaríamos.

Mas, fazendo desagravo ao Cazuza pelo meu outro post: essas idéias não correspondem aos fatos. Já temos uns 250 anos de capitalismo moderno? O capitalismo está imensamente desenvolvido, tomando contornos que nem imaginávamos. Os lucros dos capitalistas estão todos em queda? Não parece. E onde foi que estouraram as revoluções socialistas? Exatamente nos países onde o capitalismo não se instalou direito ou nos países mais autoritários, ou nos dois. A antiga URSS, China, Coréia do Norte, Cuba, Camboja, Vietnã, Líbia... Diga-me com quem andas e te direi quem és! Porque nossos compatriotas esquerdistas insistem em querer ficar na companhia desses países?

Os argumentos mais "modernos" do socialismo serão analisados no próximo post.