terça-feira, agosto 08, 2006

A Mentalidade Anticapitalista - Introdução


Esse assunto será recorrente neste blog: as inúmeras manifestações pessoais, sociais e até institucionais de uma mentalidade que atribui ao capitalismo a origem de todos os vícios e ações nefastas do ser humano.

O economista Ludwig von Mises, já afirmou em 1956, que uma das causas primárias da vilificação do capitalismo é que ele permite que as pessoas vençam ou fracassem em seus empreendimentos por seu próprio mérito.
Na sociedades aristocráticas, qualquer um poderia dizer que não cresce porque "a vida é assim", "eu não nasci filho do duque", "se eu nasci servo, sempre serei servo". E isso era verdade, pois a sociedade era baseada em classes fechadas. Não havia praticamente nenhuma chance de um filho de lavrador ascender na pirâmide social. E assim, ninguém se sentia culpado por não conseguir melhorar de vida. "As coisas eram assim", e pronto!

Quando a sociedade é capitalista, os que estão no topo são aqueles que estavam preparados e souberam aproveitar as oportunidades. Outros estavam preparados mas não aproveitaram suas chances, e outros que estavam no lugar certo, na hora certa mas não estavam preparados e todas as variações cabíveis.
Quem já não se sentiu assim? "Se eu tivesse feito tal curso e não aquele...", "se eu tivesse aceitado aquele negócio que fulano me ofereceu...", ou "eu sabia exatamente o que fazer mas ninguém me deu chance de explicar..."

Na sociedade capitalista, cada um, lá no fundo sabe qual é a sua parcela de culpa e de mérito. Quando foi que mandou bem e quando pisou na jaca. Algumas vezes você não teve controle, é verdade. Mas você também sabe que muitas, muitas vezes tudo dependeu do seu esforço, seu estudo, seu trabalho.
No capitalismo, o indivíduo não tem a desculpa de que "as coisas são assim". Você certamente tem colegas que tiveram as mesmas bases que você que, no entanto, estão mais ricos, ou numa posição de mais prestígio. Muitas pessoas, embebidas na mentalidade anticapitalista explicam isso dizendo "eles estão melhores porque provavelmente passaram a perna em alguém, ou receberam favores". Claro, claro. Se alguém está melhor que você é porque trapaceou, não é mesmo?
O que dizer daquelas pessoas que começaram do mesmo jeito que você e que hoje estão bem abaixo? Eles também podem pensar que você está melhor porque "certamente fez alguma trapaça, ou foi indicado por um figurão". Ah, mas você não fez nada disso, certo? Só os outros são incompetentes, preguiçosos ou deixam oportunidades passarem...

É exatamente esse aspecto rigoroso do capitalismo que não é engolido. Você vence de acordo com seus esforços. Se não vence, a culpa é sua. Não é da sociedade, do mundo desigual, das forças ocultas, nem nada. Salvo casos muito particulares, é sempre sua responsabilidade. E não só você, mas todos sabem que é sua responsabilidade.

Mas para aliviar todos os sentimentos negativos que vêm desse sentimento de responsabilidade, afirmamos para nós mesmos que a culpa não é nossa. É dos outros, é da sociedade consumista, é das pessoas egoístas, em suma, é culpa do capitalismo.

Vou te dizer algo tão óbvio que está em qualquer livreto de auto-ajuda: o que mais impede alguém de melhorar é não reconhecer suas próprias deficiências. Parem de culpar um sistema de produção e troca de bens e serviços, por tudo de ruim que as pessoas fazem ou deixam de fazer.

Mas essa é uma das causas da mentalidade anticapitalista. Veremos outras mais tarde.

Créditos a quem de direito: o título do meu post é o nome da genial obra de Ludwig von Mises - The Anticapitalistic Mentality.
E o texto no Libertatum, acabou me empurrando comentar o assunto.