terça-feira, agosto 08, 2006

Repetir é frustrante


Me causou espécie o artigo do Gilberto Dimenstein, na Folha de hoje. Ele apóia a manutenção da "progressão continuada", o sistema de educação que praticamente aboliu a repetência, substituindo-a por um acompanhamento aos alunos com mais dificuldades, evitando assim frustrar as crianças e diminuir a evasão escolar.
Dimenstein diz "o aluno repetente se torna um frustrado, um ressentido, sente-se incapaz na escola. Está mais próximo da evasão, ou seja, ir para a rua, do que de aprender alguma coisa". Segundo ele, o caminho seria a manutenção deste sistema de progressão, aliada à educação por tempo integral, com apoio e orientação da comunidade próxima.
Se a preocupação é evitar a evasão escolar, acho que ele está errando o alvo. A principal causa evasão escolar são as péssimas condições econômicas da família. Será que isso é tão difícil de enxergar?
O aluno pode ser péssimo ou exemplar mas, se estiver faltando comida na mesa, seus pais vão tirá-lo da escola e botá-lo pra trabalhar! Será que Dimenstein, ou alguém pode me explicar como é que a progressão continuada ou a escola em tempo integral pode mudar essa realidade?

A progressão continuada é linda, mas somente num país onde:
1- a educação realmente receba recursos
2 - os professores realmente sejam capacitados para lidar com os alunos com dificuldades
3 - a infra-estrutura física realmente seja adequada para comportar essas atividades.

Como no Brasil nada disso acontece, o resultado é o que conhecemos nestes últimos anos; alunos chegando na 8ª série sem saber ler um texto respeitando a pontuação, nem saber resolver equações de primeiro grau.